quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Sonhando a dois

Sabe, eu tenho sonhado com a gente. Sonhado que talvez pode dar certo, mas também tenho pensado que estou bem por aqui. Encontrei esse lugar onde ninguém machuca, ninguém interfere. Mas devo confessar: você me ganhou quando deixou que eu viajasse nas minhas ideias sem medo de parecer maluca. Para falar a verdade, até gosto quando você me chama de maluca.
É, o meu lugar seguro não está ameaçado, ele só continua ali e agora sei que posso voltar quando quiser. Você não parece ser do tipo que magoa e gosto disso também. Porque por mais nova que eu seja, tenho vivido alguns romances tristes. Amadureci demais com cada sentimento que brotou e também com aqueles que foram arrancados do meu peito. Mas agora me pergunto: será que você já decidiu se brota ou se arranca de dentro de mim? Enfim, que seja. Venho aceitando que a vida não é feita de laços e sim de química. E quanta química sinto quando estamos juntos. Você tem me ganhado sem me prender e pela primeira vez não preciso fingir que sou centrada ou algo grandioso que você mereça. Você merece ser feliz e eu também, acho que o caminho está certo então, né?
As vezes é isso que falta. Estar de bem com o que acontece vem trazendo oportunidades únicas como aquela vez que pedi para você me acompanhar e você foi sem pensar duas vezes. É, a gente sente falta de uma companhia e você tem trazido paz ao meu sentir. Também gosto disso.
Não, ainda não é amor. É carinho, respeito, vontade. Despertou em mim uma característica que a muito tempo havia esquecido. Sou capaz de estar em paz, sem paranoias ou medos. Sou capaz de falar o que penso, sem medo de ser julgada. Será que você também sente isso? Ok, eu sinto e parece bastar.
Pois é, eu tenho sonhado com a gente e talvez você não saiba, mas sonhar é um sinal de que as coisas vão bem por aqui, seja você quem for.
- Jana Escremin

Olhares que nos ganham


Quando pequena eu e minhas irmãs colocávamos o vestido de casamento da minha mãe e vivíamos o sonho de ser a princesa do castelo que esqueceram em alguma torre. Naquela época algo já estava escrito. Enquanto minhas irmãs queriam ser princesas, eu vestia o personagem de noiva. Sonhava com a igreja, um homem que me amasse, com as canções e com aquele olhar que só quem está em cima de um altar possui. Mas eu era pequena, não entendia o que era um casamento. Apenas entendia daquele momento, que querendo você ou não, é muito emocionante.
O tempo passou, cresci e nunca mais vi aquele vestido. Todos apostavam em mim como a primeira a casar, sonhar, ter filhos. Eu fui a grande aposta para chegar no final feliz (segundo a sociedade) de um homem e uma mulher. Mas não previ como a vida nos toma de uma forma inesperada e tudo muda. Vieram os primeiros relacionamentos. Quanto romance eu poderia carregar em um corpo tão pequeno? Não importava, eu carregava e ponto final. Só que não pensava mais em casamentos. Pensava em estar junto e isso parecia bastar. E como uma inocente criança brincando de bonecas, pensava que relacionamentos deveriam ser fáceis. Talvez por pensar assim já dava início as dificuldades.
Crescer implica numa série de coisas, entre elas aceitar e se adaptar para manter por perto quem desperta um sentimento bom. As vezes não é suficiente para algum dos lados e tudo bem. Aprendi que não tem problema, separações nos ensinam mais do que qualquer relacionamento perfeito e amadurecemos para os próximos. Simples assim.
Chegou um momento que acreditei de novo no casamento, mas parecia que a cada perda eu deixava um pouco daquele vestido para trás. Era como se viver ao lado de alguém me tirasse os planos impostos por filmes e músicas. Afinal a felicidade é incerta e eu só queria certezas, ainda mais se elas tivessem a ver com a minha felicidade.
O vestido não fazia mais sentido. A igreja não existia dentro de mim. Os homens estavam cada vez mais longe de altares ou de querer conquistar nosso "felizes para sempre". As canções eram mais sobre perdas, aprendizados, dores e agradecimentos por ter vivido tais histórias. Não deixei de acreditar no amor, na união ou nesse sonho que tinha quando criança, mas hoje tais vontades não habitam mais em mim.
Porém, ainda tem algo com que nunca consigo parar de sonhar. O olhar. Aquele que nos tira o chão, nos engole, nos faz sonhar com os cabelos brancos e apelidos carinhosos. O olhar ainda me prende ao vestido. Já o tive por alguns segundos e a felicidade que me trouxe ainda traz lágrimas aos olhos. Esse olhar é o que me faz continuar. É por ele que levanto todos os dias na esperança de que alguém nesse mundo louco entenda a sua importância. E não precisarei daquele vestido ou daquelas canções. Só quero um olhar sincero, pois não tem nada mais bonito do que aquele que expressa admiração.
Conforme crescemos os planos começam a ficar mais simples. Se antes você queria uma mansão, hoje uma casinha aconchegante já faz sentido. Se antes você queria ter o carro do ano, agora você quer ter um carro bom que possa te levar para qualquer lugar sem dores de cabeça. E com o amor é assim. Todas as exigências sobre aparências físicas e qualidades passam de mil para pequenos detalhes, como ter respeito, admiração, companheirismo e dedicação.
É... Quer deixar qualquer pessoa enlouquecida? Tenha esse olhar. É impossível fingir quando ele nos desperta. Olhando ou sendo olhada, é por esse momento que me mantenho forte e não vou perder meu objetivo mesmo vivendo em uma época tão superficial de olhares. Eu não tenho mais aquele vestido, aquele sonho, aquela vontade de colocar um véu e caminhar para o altar. O que eu ainda tenho é a esperança daquele olhar que machuca de tão bonito e que faz qualquer coração bater mais forte.
Talvez eu não mereça esse olhar, vai saber né? Mas ninguém me disse que não devo lutar por ele. Vou lembrar do vestido só para ter certeza que alguém o colocou pois alcançou o olhar tão cobiçado para corações como o meu. Esperança é algo lindo, e olhares sinceros são melhores ainda. Sorte de quem já o encontrou e força para quem ainda o busca. Essa é a vida.
Bonita né? Basta olhar.
- Jana Escremin

Das coisas que penso e que gostaria


Não consigo entender esse mundo que entrega e depois toma. Não entendo as pessoas que mostram quem são e fogem ao notarem que gostamos do que vimos. Não entra na minha cabeça as atitudes de quem não quer nada, mas quer tudo.
Gostaria de entendê-los.
Dormir seria mais fácil. Como alguém pode te machucar e depois agir como se não tivesse feito nada? Ontem eu li o trecho de uma entrevista e concordei friamente com a linha que separava os homens das suas intenções. Tem muita oferta sabe? Nós trocamos de pessoas como trocamos de roupa. E essa oferta é difícil para mim.
Gostaria que fosse fácil.
Levo um sentimento de quem sempre deixa algo para trás. Na obrigação de ser feliz já não permito que alguém faça o que quiser com a importância que dei. Mas não sei ser mal educada. Ignorar não é meu ponto forte.
Gostaria que fosse.
Talvez o que não entendo é esse mundo cheio de carências e urgências. Está difícil se entregar, confiar, respeitar e principalmente amar. Ontem achei que fosse brincadeira, mas vi que as pessoas preferem ocultar o óbvio para viver com as facilidades. É mais fácil bater no peito e dizer que não havia compromisso, fingir que não deu importância. Desta forma a culpa não pesa. Não posso me acostumar com essas atitudes. Engulo no seco todos os demônios que deveria enfrentar. Tenho preguiça do que não vem para acrescentar e por isso prefiro o silêncio.
Gostaria que valesse a pena falar.
Os dias não têm sido fáceis. O passado se mistura com o presente, e as marcas daquela história só deixam os novos compromissos mais pesados. Não quero carregar esse fardo, mas sinto que ele me carrega. Desculpa por não dizer muitas palavras, aprendi que o silêncio sempre foi a melhor resposta para quem não quer escutar.
Gostaria que quisessem.
Hoje levo a vida leve, mas com vários arranhões de quem quis gritar e não conseguiu. Abro mão das coisas que quero quando percebo que elas não me querem de volta. Não posso dar importância para algo que não tenho importância. É a lei da minha vida e talvez um dia me acerto ou explodo de uma vez.
Gostaria que isso um dia acontecesse.

A fase que nunca passa

Com os olhos marejados ela quer acreditar. Coloca na cabeça a frase "é só uma fase" e por um segundo seu coração fica tranquilo. Para ela, acreditar é difícil, mas está tentando. De um jeito leve e descontraído, amadureceu. O tempo, as pessoas, as alegrias e as tristezas transformaram essa garota. Posso ver daqui de longe o seu sorriso e ele tem mil maneiras. O meu preferido é o aberto, da risada louca e descontraída, mesmo quando ela insiste em manter aquele de quem tem que ser forte. Tudo bem, afinal, ela é.
Coisa bonita de olhar é quando essa moça fala que tudo vai ser diferente. Admiro essa atitude porque ela realmente faz ser diferente. As conversas que tem sozinha no carro são importantes. Quer ser grossa com quem a machucou, mas não consegue. Quer ignorar os fatos só para nenhum marmanjo zoar com a cara dela, mas segue como quem não devesse judiar de ninguém. Ela não consegue ser rancorosa, mas consegue deixar para lá, doa a quem doer.
Ah... e só dói nela, viu?
Essa fase é mais um capítulo do seu livro de romance, e ela continua a acreditar que o silêncio, o amor próprio e a perseverança são os ingredientes principais para ter paz no coração. Ela não é uma criança, mas também não aprendeu a ser mulherão. Ela é ela. Do jeitinho que encontrou nesse mundo. Se precisar, pede conselho até sobre como pedir pão na padaria, não por ser insegura, mas porque cansou de errar. Erros são normais, só que ela quer acertar desta vez. Acho que não tenho o que discutir sobre isso, admiro ela e os seus assuntos e desabafos.
Levanta, toma o seu banho, come alguma coisa, coloca a roupa em dois minutos. Essa moça não tem frescura para se arrumar. A única frescura que carrega é a cobrança com seus sentimentos. Ela foi capaz de colocar a mão no coração e tirar a mágoa, a dor, o amor. E hoje o seu peito bate mais forte, suas lágrimas ficam escondidas e os seus planos começam do zero, mais uma vez. Ela se garante quando o assunto é ser gente boa e vai ouvindo suas músicas sem pressa, pois aprendeu a deixar para trás.
A vida para ela é feita de fases e eu gosto quando ela pensa que essa vai passar, vai aprender e vai encontrar novas fases que farão mais sentido lá na frente. A garota não precisa mais de respostas. Ela se ama, se completa e mesmo que seu coração seja quebrado, ela ainda acredita que existem lições a serem aprendidas e vai em busca da sua nota dez na prova da vida.
- Jana Escremin

Me desculpe por ser burra


Sou uma burra, assumo. Desde que me conheço por gente não sou de ir atrás. Gosto de sofrer no silêncio e vivo loucas paixões apenas nos textos, filmes e séries. Sou muito burra, já sei. Burra por não perceber o que você estava esperando de mim.
Mas fique sabendo que não fiz por falta de vontade. Fiz por orgulho, fiz por um passado que judiou, mas você não tem culpa do que vivi, isso é verdade. Meu descaso foi porque naquela noite você desenhou uma linha entre nós. Era possível atravessá-la, mas era impossível conquistá-la. Poxa, você deixou isso tão claro que me escondi nessa casca da qual você reclama tanto agora.
Deixei que pensasse que não estou na sua. Deixei que um buraco cheio de piadinhas e ciúmes bobos nos invadisse a alma e sem nenhuma palavra começamos a desvendar o que queríamos. Para mim, você é o confuso. Para você, eu sou a relaxada. Não sei qual a sua vontade, mas a minha é relaxar ao seu lado e não com essa história. Gostaria que tivesse me conhecido quando eu conseguia ir para o ataque ao invés de viver na defensiva. Seria divertido.
Mas assumo que a minha burrice chega a ser engraçada. Fico te olhando chegar pelas beiradas, tentando me pegar pelo braço, para ver se acordo dessa ignorância em que vivo, e ao mesmo tempo você se assusta quando retribuo o carinho que quer me dar. E para ser bem sincera, desta parte eu não gosto e por isso te chamo de confuso.
Fui burra em deixar você pensar o contrário do que quero. Esse lance de ser difícil não era para mim, mas as coisas complicaram por aqui. Você não tem culpa, ok?! É que tenho um medo absurdo de me machucar. Mas dias atrás você disse coisas que me fizeram pensar tanto. Sou uma burra, assumo.
Então me deixa mostrar o que sou sem essa burrice, esse muro, essa rede que impede de ir atrás do meu sorriso. Minha burrice se confundiu com excesso de amor próprio e virei auto suficiente para tudo. Inclusive para você. Um dia disseram que eu deveria bastar, e você sabe como sou. Interpretei ao pé da letra, desculpa.
Mas hoje estou retirando essa máscara. Então você promete que não vai correr com medo? Promete que fica por aqui só para admirar as minhas vontades, meus sonhos, meus planos? Tudo bem se não quiser ficar, entendo. Poucos aguentam e por isso vivo nessa torre alta sem direito a espiadinha pela janela.
Ahhhh... Lá estou eu sendo auto suficiente de novo. Me perdoa pela burrice.
Quero me despir como você nunca viu. Será que é tarde demais? Ok, respeito suas vontades. Apenas estou falando de ser quem sou e de você ser quem é. Vamos parar por aqui com as confusões e com o orgulho bobo. Tanta coisa nos aproximando e nós continuamos a fingir que nada acontece. Chegou a hora de curtir!
Então vem aqui, me dá aquele abraço que você ficou devendo no último sábado e entende de uma vez por todas que sou menina de coração mole. Esquece essa casca que criei porque ela foi só uma proteção contra nós. E agora, cansei de ser contra você.
Chega de burrices. Sou a favor do nosso sorriso, da nossa dança, dos nossos gritos... De felicidade, claro!
- Jana Escremin

Quando penso em desistir

Para alguns, desistir é um ato de coragem. Para outros, é o caminho mais fácil. Para mim? Não sei ainda. Desistir parece coisa de gente preguiçosa, que não dá a cara a tapa por medo de sofrer. Mas no meu caso, desistir nunca foi uma escolha fácil.
Afinal, existe desistência pior do que aquela em que não optamos por ela, mas que precisa acontecer? Acredito que não. Ela é jogada na nossa vida e ponto final. Aceite, cresça e verá como é lindo o mundo. Parece um clichê eterno viver desse tipo de desistência. Fico pensando: "seria esse o final dos meus capítulos?".
São explosões de sinais de que é melhor desistir ou as frustrações irão me acompanhar. E quem quer frustrações? Ninguém né!
A pior das escolhas é ter que ir embora quando não se quer. Quando não usamos todos os pontos e vírgulas. Quando o coração quer reagir pois vive de esperanças falidas. É como se um buraco morasse dentro da gente. Essa é a sensação de desistir, não por escolha nossa, mas por obrigação.
Não é o melhor sentimento do mundo, garanto. Olhar para o seu presente e deixá-lo passar. O que fazer com aqueles conselhos de que sempre vale a pena ir atrás do que se quer? As vezes as pessoas ou as situações não nos querem, aceitar isso é desistir por obrigação.
Mas me diz: quem está pronto para essa dor? Esse momento entre ter que ficar em silêncio quando o peito já produziu um livro com palavras sinceras. Desistir por obrigação nos causa mal estar. É um ato de amadurecimento para aceitar o que não nos serve, ou melhor, o que não serve para alguém ou algo.
Odeio esse sentimento de fazer as malas (mais uma vez) sem ter a chance de falar, gritar ou pedir. Fazer as malas deixa um pouco da gente para trás e o sentimento de que era possível fazer sempre mais nos acompanha como se fosse nossa culpa. Mas não é. Não deveria ser.
Só não estávamos prontos para desistir.
Não basta um só querer. É preciso mais do que uma pessoa para que haja história. Viver de esmolas não é para mim, por isso aceito essas desistências. Não é por vontade, é por amor próprio. É preciso fazer sua parte, saber observar a reciprocidade e decidir se você tem ou não uma escolha.
Não tê-la é difícil, mas acontece.
A discussão não existe quando uma desistência se instala por obrigação. Ela dá sinais claros de que chegou a sua hora de partir, chegou o momento de crescer e perceber que corações batem em horários diferentes. E mesmo quando nosso coração, cansado de apanhar, insiste em não desistir, nós sofremos em dobro. Todo o esforço é compensado com desculpas, afastamentos e frases rasas. E a consequência disso, você já sabe qual é.
Eu não quis desistir, mas agora já sinto sua dor, sua obrigação de ser verdade. Chegou o momento de enxergar que mereço mais. Merecemos não desistir. Merecemos ter uma escolha.
Um dia chegará a hora de não mais desistir. Já ouvi por aí como é essa sensação, mesmo sem experimentá-la. É por ela que continuo e aceito as desistências obrigatórias que a vida nos dá. Na maioria das vezes não as aceito sorrindo, mas vou entendê-las quando tudo fizer sentido. Preciso confiar nisso.
- Jana Escremin

De ponta cabeça para o amor

O mundo tem me virado de ponta cabeça quando o assunto é amor. Venho pensando nele com frequência e a cada dia fico mais assustada, mas não sem esperanças. Viver em um mundo de amores rápidos, superficiais e tão fáceis de esquecer sempre me deixou com a sensação de habitar um corpo e não gostar dele.
Mas eu aprendi a ser menos intensa, o que é bom, pois minha razão vem dando sinais de que as vezes ser racional tem lá suas vantagens. Nasci emocionalmente prejudicada e continuo fiel ao que sinto, mesmo que me doa, só que agora não quero esses jogos, esses relacionamentos de mentira. Quero só a paz de me aceitar e aceitar o outro. São as chamadas "escolhas".
Já vivi o meu relacionamento de mentira e foi o suficiente para me tornar seletiva, sem dó, nem piedade. O passado não me tornou pior, ao contrário. Hoje vivo em um mundo real, com pessoas confusas e um olhar diferente para cada atitude que tenho. Mas hoje eu não vou falar de passados.
Pensando no presente, o amor nunca foi raso, nós é quem somos medrosos, ambiciosos e raramente esses sentimentos combinam com a leveza de amar. Ouço histórias, vivo romances e as esperanças são testadas todos os dias. A cabeça grita por uma desistência. O coração suplica por um amor próprio que se não tomar cuidado vira orgulho ferido e acaba por ferir todo mundo que chega por perto.
Ser maleável se tornou um aprendizado. Ter a maturidade de aceitar o outro como é e entender que a escolha entre ficar e ir embora é totalmente sua transforma vidas. Por isso mudei a minha. Hoje eu entendo. Ainda levo muitas pancadas e tenho muito o que aprender sobre o outro que me atrai. Entendo seus medos, suas confusões, seus erros, mas agora eu quem tenho o controle desse brinquedo chamado "meu mundo". Ele me vira de ponta cabeça e eu sorrio. Penso, respiro e levo.
Quando quiser, eu vou embora. Não é mais o outro que opta por isso, sou eu. Dona das minhas vontades e se quiserem ir antes, tudo bem. Não era para ser... Aceito e retribuo essa loucura que é aceitar o outro como ele é, vivendo. Não quero me machucar, claro, continuo arisca para as mancadas, amém. Mas agora sem raiva, entendo. Tem gente que não cresce, não evolui ou talvez este seja o seu melhor e aprender essa lição deixa as coisas mais leves, menos intensas e mais propensas ao acerto.
Se o amor é um sentimento difícil de viver nos últimos anos, as vezes as pessoas com seus defeitos e machucados vivem as horas erradas para as pessoas certas. Tão simples, mas só vivendo para entender. Isso é paz ao coração, evolução para a alma.
- Jana Escremin

FILME - Para sempre teu Caio F.


Ontem assisti a um filme sobre o tão famoso escritor Caio Fernando de Abreu. Meu Deus! Que vida, que história, que intensidade. Jamais serei como ele, tenho sérios problemas com meus textos e sentimentos, mas só de conhecê-lo pude entender porque é tão importante transformar sua vida em mágica. Seja escrevendo, cantando, dançando ou produzindo no dia a dia o seu trabalho.
Ele, que já se foi faz algum tempo, renova a vida e a leitura de jovens e adultos. Sim, o cara foi foda e espero que você veja este filme. O homem magro, que hoje espalha frases pela internet, conseguia sentir toda essa energia que rodeia nosso dia a dia. Ele previa coisas que se tornaram normais. Gostava de escrever sobre o que sentia e vivia, sempre observando o que temos de mais profundo. Seria essa a beleza da sua escrita? Com certeza! Foi alguém tão dono das palavras que traduzia o que somos na dor, no amor, na riqueza e na pobreza com propriedade e sentimento.
É, pode-se dizer que ele se casou com a literatura. Coisa que não fiz, mas admiro. O filme é fantástico não só por ser bem feito, mas por contar uma história tão próxima de nós. Levando em conta as indagações, os preconceitos, os amores, as dores. Ele fala sobre a tal da montanha russa que uso como exemplo todas as vezes. Percebo cada vez mais que somos um caos e podemos nos apoiar em histórias e livros como os de Caio Fernando de Abreu.
Ele sentiu intensamente cada segundo da sua vida. E já não posso mais me esquecer das frases ouvidas por ele e por amigos no filme. É, admiro pessoas que mesmo quando o mundo parece conspirar contra seus sonhos sorriem ou até no caso dele: escrevem. Sua paixão não morria com sua doença e talvez isso que o faça eterno nas bibliotecas, internet e livrarias. Sempre havia uma tristeza ali, mas era tão singular que nos encanta até nessas situações.
Ontem eu estava deixando várias paixões morrerem e descobri que na verdade o que nos mantém vivo deve ser preservado. Posso até dizer que devemos eternizar estes momentos. Tantos amores para serem escritos, tantas dores para serem vividas. Não quero descobrir que vou morrer para poder começar a viver. Meu conselho é que você também não seja assim.
Pegue os seus livros, seus amigos, sua bebida. Rabisque uma folha, produza um som, encene uma peça. Talvez você não precise fazer nada grande e extremamente cultural, mas faça algo que pulse as veias. Viva. Torne o que você ama em uma prioridade. Ontem foi a história de um escritor que me motivou, amanhã pode ser a sua. Afinal, sou fã de boas histórias, contos e experiências.
Então vamos sentar em uma mesa de bar e compartilhar os nossos sentimentos, porque no final eles são tudo o que importa no caminho. E com uma cerveja na mão as coisas ficam mais gostosas.
- Jana Escremin

Mais rápido que um raio

Não deu certo. Mais uma vez arrumo minhas coisas. Junto cada pedacinho da esperança alimentada e guardo no velho pote. Quantas vezes terei que repetir essa cena? Talvez muitas. Talvez para sempre.
Ele não te merece. Você fez o que podia. Para de falar nele. Esquece e vamos viver o que é bom. Você é boa de coração. Ele não te deu valor. Muito sacana da parte dele alimentar seu coração e depois cair fora. Ele não tem respeito por você.
É, talvez eu tenha acreditado muito desta vez. Fico olhando essas coisas jogadas, essa bagunça que ninguém se sente acolhido. Quantas vezes terei que pegar minhas coisas e gritar para o próximo da fila entrar? Existem momentos em que não deixo ninguém pisar por aqui... É o mal de quem cansou do vai e vem.
O que era simples, acabou. As risadas, os encontros, a vontade de tocar e ser tocada. Tudo isso tem que ir embora. Tudo é contra a minha vontade, mas no fundo sobram as certezas de que quem não quer ficar, é melhor que seja expulso.
Cansei de mendigar um sentimento que não solta, mas também não prende. Viver de migalhas não é comigo. Aceitei tantas pela vida que agora me revolto quando alguém pode me dar mais e insiste em oferecer menos.
Você é demais para ele. Isso já tinha acabado faz tempo. Se valoriza. Ele foi um babaca e vai se arrepender.
Será? Whatever.
Esse é mais um capítulo de uma história que não começou. A história de quem conquistou para depois fingir em mesa de bar que nunca sentiu minha pele ou respiração. Fui apenas um ponto esquecível e essa tortura consome meu coração.
Deixa passar. Você vai ver que ele não é tudo isso. Já já esquece. Relaxa que as coisas acontecem por um motivo.
É, o pior desta história é parecer importante em palavras e insignificante em gestos. Por fim, fico pensando que as pessoas deveriam pensar nas coisas que dizemos, para poder respeitar a coragem que nós temos de amá-las.
- Jana Escremin

A saudade de você


Estou me perdendo em bares, amores, confusões, diversões. Digo que estou perdida mas no fundo sei muito bem onde estou. Esse lado da saudade nunca me abandona.
Esses dias um cara no bar me lembrou você. Não eram nada parecidos, mas o cara me tratou tão bem que tive raiva de você por exatos trinta minutos. Por que você não é como ele? Por que vou me encantar por um cara que não é você só pelo simples fato dele saber como demonstrar afeto.
Fui lembrando de coisas fúteis. Gestos que valiam a pena. Não encontrei nenhum. Você nunca pegava na minha mão. Me encarava sempre de longe, brincava com meu estilo de vida.
Mas tenho saudade de algumas coisas idiotas também. Como aquelas suas dancinhas que estão fazendo falta por aqui. A saudade do que nem começou é ruim. Ela deixa dúvidas, traz desconforto e aperta meu coração.
Porém, é preciso saber que estou feliz e até gosto do cara do bar e das suas atenções. Coisa que sentia falta em você. Estar perdida nessa ilusão talvez até me faça esquecer que você tinha potencial para ser especial, mas escolheu não ser.
É... Você nunca quis ser especial. Surgia, sumia, cobrava, corria. Esse foi um relacionamento fajuto, assim como suas palavras malucas e incompressíveis. Ter saudade é clichê demais, e por mais que eu caia mais uma vez nessa história, fico com a mesma pontinha de dor por não valer a pena no seu caminho.
Mais uma vez o ponto final teve que ser meu e esta é uma escolha que vou carregar. Assim como a raiva de você não ser o cara do bar ou não se importar em ser.
- Jana Escremin

O rapaz, a Silvinha e eu


Aconteceu algo muito estranho comigo. Um rapaz me dispensou sem deixar as coisas claras ou simples. Apenas olhou e observou que eu gostava muito de sair, dançar, beber e de ter amigos. WTF? Ele julgou que por eu ser tão feliz assim não servia para compromisso sério. Arriscou dizer que era difícil pois eu possuía amigas demais.
Esse rapaz não quis me acompanhar, fato.
Apontou como erros a felicidade que eu sentia e concluiu de uma vez por todas que a correta para namorar era a Silvinha. Bonitinha e cheia de mimimi. A Silvinha pagava de santa e adulta, mas no fundo todo mundo já a conhecia. Pensei na hora: pobre rapaz.
Certa vez o rapaz falou que eu era baladeira demais para ele. Então cometi o erro de ouvi-lo e tentei ficar em casa. Sim, podem me julgar, ele influenciou na minha felicidade.
Porém comecei a saber que ele ainda estava pela rua. Vivia em bares, em encontros com Silvinhas. As vezes descobria que esse rapaz estava bêbado na mesma balada que eu gostava de ir.
Então, por que ele pode viver com o que me faz feliz, mas não pode me ter ao seu lado para comemorar a beleza de sermos jovens?
Por fim, quando fiquei em casa para mostrar quão "adulta" eu podia ser, observei algo maravilhoso. Esse cara estava me tirando o sorriso.
E é óbvio que não me obrigou a ser uma Silvinha, mas a ilusão de tê-lo como um companheiro foi cega, surda e muda. Assumo. Então eu desisti. Acenei de longe e sorrindo. Coloquei meus fones de ouvido e a música voltou a tocar no mesmo instante em que virei as costas para aquela ilusão.
Mas e o rapaz? Nunca mais soube dele. Dia desses ele fingiu que não me conhecia e mesmo que doesse cada milímetro do meu corpo por ter me enganado, decidi não me reduzir a ser uma Silvinha. Dancei, cantei, sai e bebi com muito mais força.
Por fim, ele ficou com as Silvinhas dele e eu com a minha alegria. O que aconteceu comigo foi mais bonito. Cresci e hoje nenhum homem vai me tirar a graça de ser feliz dentro ou fora de uma balada.
Agora é assim: se quiser pode até me acompanhar. Afinal, sou feita de risadas, caipirinhas e carinho com ou sem um amor do lado.
- Jana Escremin

SOBRE SER MALUCA E MENSAGENS SEM RESPOSTAS.


Eu nunca consegui deixar ninguém sem resposta. Um amigo, a família, o desconhecido. Me sinto mal por não dar a última palavra, mesmo quando a vontade é de não dizer nada. Minha boca, meus dedos, minha cabeça não relaxam só de pensar que alguém espera que eu responda. Mania errada para os tempos atuais.
Na época do visualizar e não responder eu tenho que aprender como ignorar, como não ceder a educação de entregar ao outro o que espero que me entreguem. Quanto tolice para uma pessoa só. Viver neste caos de mensagens sem respostas, olhares sem profundidade, mistérios nunca revelados está me transformando na maluca da vez.
Dias atrás ganhei o apelido de "doida" e aceitei, pois nos últimos dias é o que tenho feito de melhor. Fui considerada doida por soltar os meus cachorros nas mensagens sem respostas. Não aguentava mais! Estava forçando um silêncio que doía cada centímetro do meu corpo. Bastou uma gota de coragem para que todas as palavras saíssem como uma cachoeira, e é óbvio que os resultados foram piores do que se tivesse deixado tudo acontecer.
É, sendo quem eu sou está difícil viver neste século. Nasci para respostas claras, visualizações atendidas e respondidas. Como poderei lidar com o silêncio de quem mais quero conversar? Ainda não encontrei o tutorial na internet que diz a respeito, mas posso afirmar que o meu drama não é o único no mundo.
Se é de maluquice que estou fadada a viver, espero estar pronta para todos os silêncios que recebo. Quem sabe um dia encontro um maluco que entende toda essa paranoia de ser transparente ou simplesmente educada.
Sinceridade não custa nada, muito pelo contrário! Ela evita de interpretarmos errado ou de forma ilusória o buraco entre a minha fala e a sua resposta.
- Jana Escremin

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Me desculpa se sou positiva


Eu acredito fielmente no pensamento positivo. Vejo o mundo dos outros ir por água abaixo por causa de pensamento mesquinhos e egoístas. Mas aí penso que o meu mundo já caiu e não foram poucas vezes. Desde que tenho dez anos perdi pessoas e coisas por desastres e isso nunca mais parou. A cada dia que acordava, eu era obrigada a olhar para a minha cara e sorrir, afinal, existiam pessoas que contavam com o meu sorriso naquele dia. Como poderia deixar minha mãe preocupada se estava triste demais para levantar naquela manhã de segunda-feira?

Tem coisas que nós não desejamos, mas acontecem, infelizmente. Eu não pedi para baterem no meu carro, não pedi para viver sem um pai, não quis de jeito nenhum ter um dedo levemente deformado por um cachorro e jamais quis ser abandonada por quem eu amava. Mas as coisas aconteceram e hoje sei que sou abençoada. Ouvi muitos falarem que não teria jeito, que eu seria um nada no meio da multidão e que não daria conta de viver por conta própria. Bom, nem preciso dizer como passei por tudo isso e aonde estou nesse exato momento, né?

Acreditem: na merda acontecem coisas maravilhosas, sabiam? Pessoas vão embora, outras chegam, uma força fora de controle nos toma a mente e descobrimos como superar apenas por livre e espontânea vontade.

É, eu poderia ser uma pessimista, mas escolhi não ser.

Ok, agora você até pode virar os olhos com ar de desdém, mas foi a minha vontade de sorrir quando tudo era tempestade que me trouxe até aqui. Cada conquista, cada sonho, cada aventura, cada obstáculo e cada vivência foram importantes para ser quem eu sou. Alguns admiram, outros ignoram. Mas é essa a beleza da vida. Não me importo e se você quiser me ouvir, pode ter certeza que estarei aqui, sorrindo, pois todas as vezes que estive em uma cilada, seja ela sentimental, financeira, física ou qualquer outra que nos tira do eixo, eu chorava. E chorava muito! Mas nunca deixava de viver.

Reclamar é luxo de quem pode e eu não posso. Na verdade, não quero. Acordei todos os dias da minha vida imaginando que aquele seria diferente, e quer saber? Sempre eram. Gostaria muito que as pessoas pudessem entender o quão valioso é sorrir na chuva. Mas poucos entendem. É mais fácil culpar o padeiro e aí a desgraça alheia vira rotina nos pés de quem gosta de ser destaque de noticiário policial. Eu não nasci para notícias tristes e peço desculpas, pois achava que era fácil ser leve, mas não é.

Temos uma dificuldade gigante com os obstáculos, o fácil nos atrai e ter ele ao lado é sempre melhor. Porém eu nunca vi uma pessoa com vida fácil ser admirada pelas as suas conquistas. Tenha orgulho se você é uma dessas pessoas com boas histórias. Ser guerreira tem suas vantagens e as cicatrizes só servem para nos ensinar a ser grandes na alma, não no tamanho.

Então é isso, algumas pessoas gritam histórias pelo o mundo e eu te pergunto: como está sendo escrita a sua história? Você está ignorando a felicidade? No amor ou na dor, não importa. O que vale mesmo é a sua reação quando qualquer sentimento ou adversidade esbarra no seu ombro por esse caminho conturbado, mas bonito.

Acredite: o caminho é bonito sim! Abra os olhos, sorria e pense nisso.

- Jana Escremin

terça-feira, 23 de junho de 2015

Tirando o pé do freio


Tenho algo para te contar. Mas não se espante se o seu coração parar ou quiser correr na velocidade da luz. Primeiro me deixa contar uma coisa sobre quem sou. Eu costumava ser muito melosa. Tanto que esquecia de puxar o freio e quando percebia estava engatando a quinta sem olhar para trás. Mas aí vieram os caminhões e as estradas de mão única, sem direito a passagem irregular pelo acostamento. Sim, eu fui esse tipo de garota. A que gritava, se entregava, corria, beijava e ouvia todo mundo dizer o quão lindo era meu sorriso ao dirigir por aquelas estradas loucas.

Sim, essa é a primeira coisa que você não deve se esquecer. Não importa mais quem fui, mas quem estou batalhando para aparecer, sendo verdadeira e sem fraudes.

Porém, no meio dessa estrada eu andei tomando algumas multas, sofri uns acidentes e o acelerador foi perdendo o ritmo sem que eu percebesse e esta sou eu hoje e é sobre isso que quero lhe falar. Não é com você, é comigo. Então só tenha paciência, por favor.

Morro de vontade de abraço no meio da noite, de declaração de amor e envio de mensagens que fazem o sorriso esticar de um lado para o outro. Eu tenho vontade de pegar na mão, tomar cerveja e contar tudo o que passei no dia, porque eu falo para caralho quando quero. Principalmente quando amo. Mas não é mais assim e eu sinto tanto por essa minha perda. Todos os dias tento voltar para aquela sensação de velocidade alta e confiança no caminho. Mas as placas gritam, o medo apavora e é injusto com você que eu esteja assim. Entende?

Paciência, por favor. Porque essa é só uma das primeiras coisas que tenho a dizer sobre mim. É uma fase e para quebrá-la preciso de alguém. Você já tirou um sorriso, já conquistou uma parte e mesmo assim andei correndo e brincando de ser alguém que não sou porque outro acidente como o último seria cruel demais comigo. É que você parece diferente, parece alguém que freia mais do que eu. Alguém que não diz nada, mas está ali e até entendo isso. Também sou assim. Um pé no freio e o outro ameaçando dar a largada tão desejada.

Deixa eu te contar mais uma coisa e essa você não pode esquecer: eu sou entregue, sou sentimento, sou tudo isso que vivo escrevendo, mas enferrujei e agora faço um esforço para você poder enxergar as coisas que realmente sou. Então, que tal esperar um pouco? Eu agradeceria muito. Ainda tem amor, carinho, abraço no meio da noite por aqui, mas o coração insiste em ser o cara durão, mas estou o empurrando para o penhasco que sempre amei me aventurar.


Você espera?

- Jana Escremin

terça-feira, 16 de junho de 2015

O que Greys Anatomy me ensinou


Tinha jurado que só ia escrever quando chegasse ao fim, ou pelo menos próximo dele. Mas preciso dividir a experiência de ver uma história e sentir ela me ensinando a ser melhor. Quando decidi ver Greys Anatomy, a amiga que indicou avisou: "Você vai amar!". "É mole, doce, engraçado, forte, chocante e esperançoso". "Homens e mulheres viciam". Propagandas a parte, lá fui eu. Depois de maratonas de séries com sangue, guerras e drogas, chegou a vez de entrar em uma história que mais parece comigo do que qualquer outra que tenha visto por aí.
O recado foi dado, era uma série de despertar lágrimas, amores, vontades e de deixar o coração tão mole e tão aberto que deveria vir com contra indicações como vem nas caixas de cigarro. Não era uma novela mexicana, era um retrato da vida real, da nossa vida real. Os personagens, as histórias, os casos. E até pode passar despercebido, mas se tem uma coisa que move o ser humano a fazer suas loucuras não é o amor, é a vida propriamente dita. Quando lutamos com a morte, com os amores, com os laços, com nosso coração, nossos limites e nossa cabeça teimosa e cheia de si é que percebemos quão pequenos somos, e como é preciso ser fraco para ser forte. Faz sentido? Em Greys Anatomy faz.
Sem perceber ela te faz ligar para quem você ama e ser sincero. Faz você desfrutar de momentos normais e torná-los mais do que especiais. Faz você querer falar tudo o que precisa, porque guardar pode ser um fardo. Não sei se você já viu a série e eu até queria guardar meus comentários para o final, mas é que já chorei, já sorri, já torci, já me identifiquei que agora só posso querer viver uma vida tão plena ao ponto de não me arrepender pelas coisas que passaram. Ela faz a gente entender o sentido de viver. Seja para amar, lutar, sorrir, comemorar, gritar, brigar. É correto dizer a verdade, doa a quem doer. E perdoar é a coisa mais difícil do mundo, porém é a mais importante para sua evolução pessoal. Em algum momento da série você entende que perder é fundamental e essencial para mudar quem você é. É, essa história está me levando a um patamar diferente.
Ela já entrou para a minha lista de favoritas antes mesmo de eu terminá-la. As lágrimas que prometi guardar depois do meu coração ter sido quebrado, saíram facilmente em diversos episódios. Os sorrisos que prometi esbanjar, foram triplicados. E agora eu opto por ter uma vida como Greys Anatomy. Já comecei até a consertar alguns erros. A vida é uma montanha russa, então desfrute. Não que eu não saiba disso, mas a ficção está me ensinando algo para ser compartilhado e indicado. Então amoleça também o seu coração e pense na vida e nas pessoas como algo além do valioso.
Descubra o que você tem em comum com cada personagem - e garanto que você terá algo em comum com todos - afinal, uma parte deles é nossa, e tenho certeza que isso foi de caso pensado. Talvez o segredo do sucesso desta série são as jogadas emocionais que nos fazem viver de verdade. É, eu havia me acostumado com as pancadas da vida, mas agora voltei a amolecer para ela de uma maneira boa. Em partes, Greys Anatomy é culpada.
Sou a garota do bar. Já tive os meus "Mc alguma coisa". Já lidei com perdas irreparáveis. Já julguei e fui julgada. Já perdi e ganhei. Tive que lutar contra desejos e o chão já foi um amigo íntimo. Então que venham mais episódios e séries como essa. Uma lição de vida que indicarei para todos que possuem ou querem ter um coração de verdade. Ela fala da vida para trazer a sua de volta como deve ser.
Ah, e tem mais uma lição: você não aprende nada sozinho. As pessoas ensinam muito umas as outras e normalmente aquelas que menos esperamos são os professores da nossa vida.




- Jana Escremin

Meu último dia dos namorados

Não consigo me lembrar do que aconteceu no dia dos namorados no ano passado. Eu namorava, era Copa do Mundo, era trabalho e depois era cerveja. Mas não consigo me lembrar como comemorei o amor que sentia. Lembro de ter uma discussão pois passei um pouquinho do ponto na cerveja. Mas não lembro aonde foi e nem o que comprei para dar. Queria lembrar, mas por um processo de defesa que criei, poucas coisas restaram daquele relacionamento. Minha cabeça não é ruim, ao contrário, sempre sou eu quem lembro das falas, dos gestos, dos lugares. Mas esqueci. Na memória ficou apenas a parte que não prejudica o coração quando lembro daquele passado. Talvez esquecer esse dia seja um sinal de que o namoro já não estava bem. Eu descontei na cerveja e ele... Bom, ele descontou em mim, com toda razão. Queria ter certeza que de que foi uma noite legal, que foi divertida, romântica e cheia de comemorações, mas nada vem, foi esquecido. Inédito na minha vida. Não teve surpresa, não teve balões, não teve música. Não sei o que houve naquela noite e agora já são três horas da tarde e nenhuma lembrança concreta sobre um ano atrás apareceu. E sabe o que é engraçado? Hoje sonhei com ele. Era simples e diferente. Não estávamos juntos mas ele estava lá, sabendo que perdeu e eu sabendo que ganhei. Hoje eu sonhei com o "meu 1 ano atrás" e logo hoje não consigo lembrar de sorrir neste dia - Com exceção do gol do Brasil no primeiro jogo da Copa do Mundo - Eu queria lembrar, mas só posso ficar com o sorriso e os olhos apertados dele no meu sonho que olhou e disse meia dúzias de palavras para me acordar. Não consigo me lembrar do último dia dos namorados pois minhas técnicas de evitar qualquer lembrança pela primeira vez funcionaram aqui dentro e no fundo, agradeço por isso.
- Jana Escremin

quarta-feira, 25 de março de 2015

Não sou qualquer garota

Nunca fui a garota do “não vou, não tenho roupa”. Nunca fui a garota da frescura de não beber muito, de não experimentar, de não me envolver. Fico pronta em menos de trinta minutos e não costumo atrasar para os compromissos, mesmo que aconteça algumas vezes. Sempre fui prática para as coisas simples. Sempre fui complicada para os sentimentos. Não sou uma dessas mulheres clichês, e me faz falta ser, mesmo que seja uma vez ou outra. Me preparo e faço de tudo para não perder osdetalhes. Muitas amigas pedem para não deixá-las esquecerem algo ou alguém, pois sabem que podem confiar na minha memória. Enquanto todas já estão caindo com as três bebidas do bar, eu me mantenho firme e querendo sempre mais. Às vezes eu gostaria de ser mais desligada. Sou plugada em coisas que não deveria e só esqueço o que não desperta o meu interesse. Nunca fui a garota que todo mundo espera. Tenho um ciúme exagerado, mas que se você observar tem até um pinguinho de graça. Vivo uma contradição e um talvez infinito, cheio de “não sei”. Prefiro que me levem no início, mas depois sou eu quem falo aonde, quando e porque. Fico submissa em algumas situações pelo simples fato de querer agradar a alguém. Mas já descobri que a maior furada da nossa vida é querer agradar aos outros. Quando estou sozinha, sei dedicar o tempo e sei compartilhar das emoções. Descubro no meio do processo que o meu único defeito é demonstrar demais, é não conseguir parar ou segurar as palavras e a empolgação. Não sei disfarçar. Já disse que vou mudar, já disse que me esforço dia após dia e vejo algumas mudanças, mas é complicado mudar quem nós somos. Sou sentimento em carne e osso, me machuco fácil e entrego minha vida como se fosse presente, achando que as pessoas querem vivê-las comigo. Isso explica as muitas frustrações, mas aceito. Nasci assim: uma contradição. Levo o meu sorriso e faço questão de ser quem sou, doa a quem doer. Mesmo que só doa em mim. Passo os dias viajando nos diálogos e nos arrependimentos para descobrir que ser quem sou é muito mais do que corajoso, é natural. Aceite quem quiser, mas estou olhando a vida mais simples do que desejo, isso talvez esteja no processo de aprender e esquecer. Meu único medo é esquecer alguém me fazia sorrir, no entanto preciso lembrar que trouxe mais sorrisos do que qualquer outra pessoa. Não nasci para despertar as lágrimas de ninguém e sinto orgulho do que me tornei.
- Jana Escremin

Quem sou depois do passado

Nós nunca sabemos quando vai começar. Chega um dia que a gente olha no espelho e tudo mudou. O cabelo está diferente, o sorriso está mais largo, não tem nenhuma roupa nova no armário, mas elas também mudaram. Não parece que foi ontem que a vida me passou uma rasteira. Não parece que foi ontem que eu perdi o chão.
Parece que foi ontem que eu ganhei o chão.
Fico buscando respostas, mas não são aquelas tristes, explicativas demais ou sem solução. Agora, eu busco algo que ainda não sei o que é, mas está longe do tapa que a vida me deu. Tentamos explicar. Os amigos, a família e até mesmo o passado nos pergunta: o que foi que mudou? Foi o espelho? Foi a cabeça? Foi a vontade? Sonho com viagens, com pessoas, sonho com o passado. Mas um passado diferente.
Um passado para não voltar.
Hoje eu acordei, e me perguntei: o que havia mudado? Nada. Tudo. Eu era uma daquelas mulheres que não sabem se vai ou se ficam. Só sonhava com casa, comida e roupa lavada. Agora eu sou outro tipo de mulher. A culpa não foi minha, mas se eu não mudasse, o mundo ia me estragar.
E eu ia estragar o mundo aceitando pouco dele.
Eu parei de ver o mundo tão superficial. Experimentei tanto a superficialidade de tudo, a ponto de não querê-la mais. Olhei, desejei e de repente não era mais eu. Aquele desejo não era mais meu. Ele era do passado, passado que não conhecia o novo.
Agora eu mudei.
Mulher faz essas coisas. Vai até o fim para provar se é verdade. Nunca sabe se vai ou se fica. Mas a gente nunca fica. Somos diferentes, pois não nascemos com um dispositivo que determina o que seremos do começo ao fim das nossas vidas. A vida nos modifica. Nascemos com uma característica única, que muda, transforma.
Ela aciona quando apanhamos da vida.
Nós não somos mais os mesmos e é difícil o mundo entender. É difícil para a gente nos entender. Se eu fosse arriscar, poderia dizer que a vida nos obriga. Obriga a ser feliz, custe o que custar. A vida só não tira a essência, porque é nela que encontramos o nosso melhor. Quando eu pensei que nada ia mudar, tudo mudou.
Eu não tomei a atitude. A atitude me tomou.
Quando ela chegou, eu senti o sangue, a ardência. Fez dos meus quilos, pó e renasceu. Renasceu em forma de coragem, sonhos, vontades, saudades, ideais. Já não sou mais a mesma. Sou minha, sou grande.
Eu nunca mais serei a mesma, mas também nunca mais vou deixar de ser quem eu preciso ser. O mundo me experimentou, agora eu quem vou experimentá-lo.
- Jana Escremin

Sobre o abandono

Nunca tive problemas com a solidão até descobrir o que é estar junto. Sempre fui única e não fazia nada por ninguém. Ruim na queda, sabe? Mas agora tudo mudou. Foi só bater o carro que sinto saudades de quem fez parte do meu caminho. Eu que nunca quis dividir, porque sabia como seria difícil o abandono, agora não sei lidar com as eventualidades do meu dia a dia.
Já se passaram alguns meses e apesar das mudanças que cortaram o meu coração, ainda me sinto deixada de lado. Se é normal?! Não sei. O abandono nos faz procurar o outro em qualquer ocasião, e essa sensação eu não desejo a ninguém. Me sinto impotente com palavras morrendo engasgadas no fundo do meu peito. Sou capaz de esquecer por horas essa saudade e mágoa que carrego, e são nesses milhares de segundos que a segurança de estar só parece completa, porém quando ela passa, um furacão volta. Mais do que deixar ir, é obrigar a ir. E esse é o pior tipo de abandono. É aquele que segue em frente, que se torna frio, rápido, e cheio de saudades.
Então, eu parei de lidar com um sentimento que não era capaz. Meus pesadelos têm um pouco daquele abandono e eu só queria sonhar, sem medo de dormir. Lembro daquela fuga que conseguiu desmoronar com os meus sonhos. Rápido, exato e silencioso. Não me arrependo de nada e não desejo ser infeliz. Jamais poderia querer ser assim depois de experimentar a felicidade. Mas se sentir abandonada é tão inútil quanto o papel que tive a algum tempo atrás. Percorri um caminho para ter certeza de que não aconteceria de novo e aqui estou eu. Reescrevendo sobre um abandono que já deixou de ser do lado de lá. Falando mais uma vez sobre o que acabou, sobre o que estragou e sem ninguém para ouvir.
Dos filmes que passo todos os dias na minha mente muitos são lembranças de algumas mentiras e amores, mas o que mais dói é assistir aquele em que sou abandonada com os meus medos e sentimentos. Esse é o papel que nunca esqueço de atuar, e por mais forte que eu seja para fugir dele, o mundo conspira para lembrar que a única coisa que me pertence é o silêncio, a solidão e as lembranças de uma época em que eu estava completamente feliz.
A felicidade agora é conceitual e depende das marcas que gritam agitadas no meu peito sem poder dizer muito.
- Jana Escremin

A história sem fim

Se tentássemos enumerar a quantidade de sentimentos que passam pela a nossa vida no decorrer dos anos, perderíamos as contas em menos de dez minutos. Ela seria uma grande e extensa lista para explicar como nos sentimos quando a esperança acaba, quando um amor começa ou, quando pela primeira vez, experimentamos aquela sensação de sermos donos do nosso caminho. O orgulho em conquistar nossos pequenos objetos ou pessoas é um sentimento único. Somos feitos de meros acasos, e eles nos colocam em dúvida sobre a independência que todos um dia almejam ter.
Ser dono do próprio nariz parece fácil. Mas nunca foi. Contas, sentimentos, perdas, negociações, sonhos, desilusões. Quantas coisas podem atrapalhar a sua independência? Há quem a tenha sem medo, mas há quem a deseje e por medo gruda na janela da vida, deixando que o vento as leve embora. Há também quem não sabe o seu significado, mas sente que vive cada segundo dessa sensação que está na grande lista de sentimentos.
Eu vivo a minha independência. Apesar de sentir falta de alguns ombros que embalaram os meus sábados a noite, eu sei continuar com coração na mão, sabendo que não vou morrer por qualquer um que tente tirar minha esperança. No entanto, sei que a falta de alguém para pessoas como eu é um preço alto a se pagar para viver neste mundo.
Já conheci quem se diz independente, mas depende de um amor qualquer para se sentir importante. Já conheci quem se diz independente, mas depende da família para tomar decisões. Nós sempre temos um pé na dependência e alguns fingem não vivê-la. Eu já fiz isso, hoje não mais.
Pago minhas contas, moro sozinha, comprei o meu carro e vou levando a vida como se ninguém pudesse me parar. Mas param. A independência é o custo mais alto de vida. Sentimental ou material. Ela nos cobra e por isso exigimos tanto de nós. Um passo na frente do outro, sem escolhas de fugir para o colo da mãe. Ninguém pode voltar atrás quando o caminho é ser livre. E esse é o meu caminho a muito tempo.
Na grande lista de sentimentos, que não seríamos capaz de contar quantos existem, tem um que nos cobra alto e carrega todos eles em uma única atitude. Não basta chegar, tem que atrair. Não basta perder, tem que sofrer. Não basta correr de volta para o aconchego da vida, tem que fazer das tripas um coração. Isso se chama "escolhas", e eu escolhi ser dona de mim.
Sou um gato na escala animal, enquanto alguns gostam de ser cachorros. Por isso, abrir mão das coisas fáceis pesa, mas nos modificam. Todos deveriam tentar. Ah, e isso não é uma reclamação! Sou madura, apesar de parecer uma adolescente apaixonada, e talvez esse seja o benefício ao optar pela a minha independência desde sempre: ninguém batalha por mim, apenas eu.
- Jana Escremin