sexta-feira, 27 de maio de 2011

Frustração

E aí eu engoli o choro que está guardado a meses, é só pisar no chão da casa que chamo de minha que tudo se vai, transbordando por não ter mais espaço para tantas frustrações. A vida é uma sacanagem onde sorrir dela seja talvez o melhor remédio, mas quero sorrir de verdade agora, quero uma cura permanente, chega de coisas provisórias. Quero encontrar aquele sentido para o que estou fazendo, ter uma vez na vida o prazer de sentir prazer! 

Difícil estar frustrada e implorar para que alguma área da sua vida seja boa, tudo é sempre ruim, sem sorte e sem expectativas. Sou objeto de alguns, escrava de outros. Já não quero mais amar pois quem gostaria já ama outra pessoa. Sempre assim, eu aqui olhando de longe toda a felicidade que poderia ser minha, mas nunca é. A vida sob os meus olhos sempre foi observando e desejando, nunca acontecendo.

Alguma coisa está errada, eu também mereço a felicidade de sentir o que é o amor. Faz tanto tempo que não sinto isso, e quando penso já me vem à cabeça aquele que tanto me mostrou o amor em sua mais simples forma. Porém nada mais faz sentido, saudade do tempo em que tudo na vida estava em harmonia. Agora a única harmonia que encontro são das músicas melosas que insisto em ouvir.

Espero demais dos outros e quando isso não acontece vem a frustração. Espero demais de mim e nunca consigo dar o meu melhor, pois acho que não tenho algo "bom" a oferecer. Sou ruim, dura na queda e quebro facilmente sem ninguém perceber. Levar a vida sem o prazer de estar bem talvez é o que falta nesse buraco que tem no meio do meu peito, mas as escolhas são escolhas e ainda tento entender porque eu optei por não ter esses prazeres. Está na hora de viver, mais viver o que? Não vejo mais o mundo, eu só vejo obrigações para me manter em pé.

Está chato viver assim, a emoção acabou ou talvez nem tenha começado e eu percebo isso agora vivendo por viver. Quem se importa se eu engoli milhões de sapos? Ninguém!

sábado, 21 de maio de 2011

Não quero me interessar por você




Odeio me interessar pelas pessoas. Coisa chata essa de encontrar no outro o meu eu, queria mesmo era ser feliz sozinha, sem a desculpinha do ' estou afim '. E toda vez é assim, fico quieta no meu canto e vejo você chegar, elaborando como chamar a minha atenção, sabendo que sempre vai conseguir. O mundo se fecha quando você chega e todos já perceberam isso.

Eu quero andar, respirar e sorrir sabendo que você está me observando, e por mais que você faça tudo isso, ainda sinto que é para me judiar. São coisas que não aconteceram, mas poderiam. Sou idiota e decidi colocar fim ao que nem estava previsto. Me apaixonar por você virou mania de garota bobinha, esqueço longe e tremo perto.

Difícil é disfarçar os sorrisos quando te encontro, pois é encontrando seu olhar que vejo tudo mudar aqui dentro. Perdendo o chão e os meus amigos, nesse momento é só você. Nessa brincadeira de começar a me interessar por você, achei melhor abaixar minhas asas e parar de pensar no que poderíamos ser, pois a verdade é que nos seus planos eu existo para satisfazer seu ego e isso não são meus planos com você.

Eu te desejo, mas desejo que você me deseja, e essas buzinadas na minha cabeça de que não é nada mais do que um jogo de sedução me frustam de tal maneira que sou impotente mesmo sendo forte. Afinal você sabe que eu me rendo a qualquer graça sua. É delirante te tocar sem poder ser do jeito que gostaria, é aceitar você como tem que ser e não como eu quero.

Existem coisas horríveis no mundo e uma delas são os amores da minha vida. Não possuo muitos, e os poucos que tive vão embora antes mesmo das cortinas se abrirem. Eu fico pensando no que está acontecendo, porque de um dia para o outro você tomou conta dos meus pensamentos. Não é seguro estar ao seu lado, principalmente com copos de bebida. Sou fraca perto do que me imobiliza, e você causa todo esse transtorno para nada.

Eu realizo o seu desejo de ser desejado por alguém, mas não vou ser a principal da sua vida, pelo menos não agora, e eu desejei um dia ser, infelizmente. Queria muito que as coisas fossem verdadeiras e que você chegasse com esse sorriso dizendo que agora é a minha vez de saber como você é amando alguém como eu. Nesse momento recolho minhas asas para não me decepcionar e seguir mais uma vez com a vontade de sempre, assim que é, assim que tem que ser.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Chorando no escuro

Uma vez me disseram que mágoas são causadores de doenças e me sinto doente. Chorando no escuro por qualquer razão e com uma raiva que não deveria ser minha. Não preciso dela, mas agora como uma quarta pele, sinto fazendo parte de mim a todo instante. Vida de quem não dá certo com nada ou ninguém é assim, chorando pelos cantos querendo ser a amiga perfeitinha. Uma vez me disseram também que dói demais ter a bondade confundida, e quando os outros a usam para o bem próprio a única que chora é você. Agora eu sei como é ter esse olho vermelho antes de dormir. Mal posso ouvir alguém gritar meu nome. A vontade de jorrar água é tanta, que aproveito qualquer medinho ou estresse para mergulhar nesse poço de raiva. As pessoas falam demais e eu fico apenas escutando e aceitando toda e qualquer palavra, a minha vida virou teatro. O palco está preenchido, mas não por mim, estão tomando a cena e eu no meio do público implorando para as pessoas certas notarem o vazio que está sobre mim. Sentimentos ruins são causadores de uma dor horrível, e dessa vez não tenho ombro amigo, todos estão ocupados tentando interpretar minha vida.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Platônico pode até ser



Mania idiota de se apaixonar por qualquer carinha estranho que circula pela rua. Em todos os lugares eu procuro aquele que nunca vi na vida, que seja estranho e mais ninguém vê beleza. Desde sempre eu fui assim. Me apaixonando por carinhas que nem reparam que eu estou ficando obcecada. E a corrida pelo "nada" começa. Eu vasculho tudo o que posso, como um gato no lixo eu procuro vestígios de nomes, gostos, e o mais importante: uma forma de saber que existo. Todas as vezes eu repito essa história de amor platônico. Não me canso de sentir algo, que não é necessariamente amor, por alguém que nunca vai me conhecer. Em alguns casos eu consigo realizar o sonho de beijá-los ou apenas conhecer, mas nunca passa desse limite. Qual é o problema com os amores platônicos? Um dia devem sair da sua área de conforto e quem sabe se transformar em amor mesmo. Mas quem garante que isso será bom. A graça sempre foi descobrir quem é, o que gosta e etc. Muitas vezes penso se esses amores são a forma que encontrei para me encantar sem machucar. O problema é que existe milhões de problemas e nunca nada 'novo'. É simples: eu o vejo, ele me vê. A história fica assim por pelo menos um ano, entre olhares que não sei se ele olha porque estou olhando, ou se olha porque repara em mim! Tremenda confusão, e ninguém nota quando nossos olhares se cruzam. Faço desses momentos um romance breve e único, onde possui significado apenas para mim. No entanto o segundo passo sempre foi através de internet, que sempre me dá o que quero, ao mesmo instante em que tira de mim a ilusão do romance de verdade. Tudo sempre foi e sempre será um amor platônico. Cá estou eu, mais uma vez encantada por alguém que não me conhece, mas me olha. É mais um carinha estranho, que ninguém acha bonito, mas eu já imagino uma história com ele, e isso basta para meu exercício diário de paixão.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Quem é você?



- Oi!
- Oi, quem é você?
- Não se lembra de mim?
- Desculpa, nunca vi tão baixa e nem tão acabada na vida.
- Nossa! Ainda continua com sua sutileza, bom saber.
- Você me conhece?
- Sim, e muito.
- Ninguém me conhece, nunca me mostro!
- Então eu penso que te conheço.
- E conhece de onde?
- Conheço de um ano em que fiquei ao seu lado.
- Um ano? Como posso esquecer então de você?
- (risos) Não é de surpreender, você nunca se lembrava mesmo quando estava ao seu lado.
- Me desculpa, mas...
- Não peça, você estraga quem você é pedindo desculpas.
- Então você me conhece mesmo para saber que nunca peço desculpas.
- Claro, eu sempre implorei por elas, nunca ouvi nenhuma, não é agora que as quero.
- Não tinha a intenção de lhe dar nenhuma.
- Tudo bem. Mas e aí como você está?
- Estou bem, sempre estive.
- É... você sempre esteve.
- Não entendi a ironia.
- Não foi ironia, foi apenas você sendo você.
- Você está parecendo minha mãe já!
- Por falar em mãe, como ela está?
- Você a conhece também?
- Já disse que fiquei um ano ao seu lado, como poderia não conhecê-la. Conheço sua família quase inteira!
- Estou começando a lembrar de você, estranho isso.
- Estranho é pouco, cada palavra sua rasga meu peito.
- Não é a intenção, gostaria de me lembrar, mas infelizmente...
- Ok. Me diz uma coisa o que é importante na sua vida?
- Nada, não vejo muita graça nas coisas da vida.
- (risos) Você não muda nunca, que engraçado!
- Hum, eu não mudo mesmo, sou assim e ponto.
- Posso te perguntar então outra coisa?
- Diga.
- O que foi importante na sua vida, no caso digo 'alguém'.
- Para que você quer saber?! Não me conhece, não ia adiantar.
- Você não sabe, tenta, gostaria de saber.
- Uma garota.
- Bonita?
- Sim, mas deixou de ser algum tempo, nem a reconheço mais.
- E como ela era?
- Alegre e ao mesmo tempo muito brava. Até quando ficava brava era engraçada.
- Hum, e o que mais?
- Ah não sei, nunca tive muito o que dizer sobre ela, nunca disse a ninguém.
- Então comece por mim, me fala mais dela.
- Ela chorava por qualquer coisa, e eu tinha a mania de magoá-la. Ela também tinha, mas eu nunca me importei muito.
- Porque?
- Ela me amava, não precisava me importar com nada, entende?
- E você?
- Eu o que?
- Amava ela?
- Acho que sim, não sei.
- Como você acha? Não tem certeza mas ela é importante! Ou não?
- Ela é, mas não sei o que é "amar", ela sempre soube... Fiz muita coisa errada.
- E ela? Como agia com você?
- Ela sempre estava lá, eu podia sentar na cabeça dela que ela estaria lá!
- Você teve coragem de magoar alguém que estava lá por você?
- Sim. Mas porque tantas perguntas?
- Nada. Mas me explica uma coisa, onde ela está agora?
- Não sei, a muito tempo não a vejo, e não quero também.
- Porque?
- Ela traz lembranças que eu prefiro não reviver.
- Então vou gostou dela?
- Claro, foi importante já disse. Mas passou, como tudo na minha vida passa, ela passou.
- Que triste!
- Triste? Que nada, a vida continua.
- E a vida dela?
- Já disse que não sei, ela foi viver longe de mim.
- Talvez por medo quem sabe, já que você disse que ela o amava.
- É, foi isso mesmo. Ela sumiu para não sofrer mais.
- Sente saudade?
- Não.
- Que triste!
- Não é! São águas passadas, ela deve estar bem. Sempre esteve.
- Você não teve a curiosidade de ir atrás?
- Não, prefiro assim.
- Que horror, que mulher seria capaz de te amar sabendo o quão frio você é.
- Tem as malucas da vida, o mundo é grande.
- Malucas? É pode ser...
- Mas e você? Quem foi importante na sua vida?
- Muitas pessoas.
- E no sentido amoroso?
- Um garoto aí.
- Hum, e estão juntos?
- Não, não seria possível.
- Porque?
- Ele é diferente de mim, nos completavamos, era mais eu com ele, entende?
- Acho que sim. E o que você mais gostava nele?
- O sorriso, ele tinha um jeitão inocente, de moleque mesmo.
- (risos) Engraçado como vocês mulheres transformam tudo em romance.
- A gente tenta, mais nunca é possível ser feliz para sempre.
- Concordo (risos). E ele, te amava?
- Não sei. Eu achava que sim, mas não tenho mais certeza.
- E isso é possível? Ou ama ou não ama.
- Acho que não.
- Você ficou triste né, me desculpa! Você é muito bonita para sofrer assim, e muito nova também.
- Tudo bem, eu me acostumei com ele, com a mania de ser tão grande e não se lembrar do que eu fui em sua vida.
- O que você quer dizer?
- Você pode amar alguém com todas as suas forças e no segundo seguinte tudo se transformar em nada.
- Não deixaria isso acontecer comigo se encontrasse alguém que realmente amo.
- Você deixaria sim, afinal eu também disse isso, e olha onde estou.
- Gostei de você sabia?!
- Ué, eu não era aquela do começo da conversa: baixa e acabada?
- Não, naquele momento eu estava só sendo eu pois não te conhecia.
- Mas você conhece!!
- Agora sim
- Não, você já conhecia.
- Esse papo de novo?! Você me lembra alguém, só não sei quem.
- Você sabe, mas não vou forçar nada, sempre foi assim, lembrando e esquecendo.
- Que drama ein.
- Não é, é que já vim aqui muitas vezes.
- Fazer? Aqui é o meu espaço, sabia disso?
- Sim, e venho aqui todos os dias para tentar fazer você se lembrar. Acontece algumas vezes, na verdade é raro!
- Quem é você?
- Sou alguém que não desiste de você.
- Já senti isso antes.
-Eu sei, pois eu quem te fiz sentir das últimas vezes.
- MEU DEUS! Não pode ser!
- O que foi?
- Você é minha menina!! A que te contei, da história! Nunca esqueceria esses olhos. Agora eu me lembro.
- Quase acertou, eu ERA a sua menina, hoje eu só sou alguém que passa algumas vezes pela sua memória, alguém sem importância.
- Mas eu disse que você é importante! Lembra?
- Então porque nunca se lembra só de olhar nos meus olhos?
- Não sei, eu deveria lembrar!  Estava distraído é isso!
- Distração sempre foi seu mal, tanto que me perdeu por se distrair e me esqueceu se distraindo por aí.
- Não te esqueci, me desculpa. Eu deveria ter lembrado quando te olhei, não me era estranha.
- É, você deveria, mas você nunca lembra, você nunca se desculpa, você nunca se importa.
- Não entendo, você mudou.
- Sim, e você é quem não mudou. Eu sou a mesma, do contrário não estaria aqui.
- Não acredito no que fiz.
- Só mais uma coisa: Importante é alguém ou algo de quem a gente não esquece. Tchau!

E assim ela vai mais uma vez embora, querendo que ele sinta saudades dela, e principalmente deles.