quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Quando penso em desistir

Para alguns, desistir é um ato de coragem. Para outros, é o caminho mais fácil. Para mim? Não sei ainda. Desistir parece coisa de gente preguiçosa, que não dá a cara a tapa por medo de sofrer. Mas no meu caso, desistir nunca foi uma escolha fácil.
Afinal, existe desistência pior do que aquela em que não optamos por ela, mas que precisa acontecer? Acredito que não. Ela é jogada na nossa vida e ponto final. Aceite, cresça e verá como é lindo o mundo. Parece um clichê eterno viver desse tipo de desistência. Fico pensando: "seria esse o final dos meus capítulos?".
São explosões de sinais de que é melhor desistir ou as frustrações irão me acompanhar. E quem quer frustrações? Ninguém né!
A pior das escolhas é ter que ir embora quando não se quer. Quando não usamos todos os pontos e vírgulas. Quando o coração quer reagir pois vive de esperanças falidas. É como se um buraco morasse dentro da gente. Essa é a sensação de desistir, não por escolha nossa, mas por obrigação.
Não é o melhor sentimento do mundo, garanto. Olhar para o seu presente e deixá-lo passar. O que fazer com aqueles conselhos de que sempre vale a pena ir atrás do que se quer? As vezes as pessoas ou as situações não nos querem, aceitar isso é desistir por obrigação.
Mas me diz: quem está pronto para essa dor? Esse momento entre ter que ficar em silêncio quando o peito já produziu um livro com palavras sinceras. Desistir por obrigação nos causa mal estar. É um ato de amadurecimento para aceitar o que não nos serve, ou melhor, o que não serve para alguém ou algo.
Odeio esse sentimento de fazer as malas (mais uma vez) sem ter a chance de falar, gritar ou pedir. Fazer as malas deixa um pouco da gente para trás e o sentimento de que era possível fazer sempre mais nos acompanha como se fosse nossa culpa. Mas não é. Não deveria ser.
Só não estávamos prontos para desistir.
Não basta um só querer. É preciso mais do que uma pessoa para que haja história. Viver de esmolas não é para mim, por isso aceito essas desistências. Não é por vontade, é por amor próprio. É preciso fazer sua parte, saber observar a reciprocidade e decidir se você tem ou não uma escolha.
Não tê-la é difícil, mas acontece.
A discussão não existe quando uma desistência se instala por obrigação. Ela dá sinais claros de que chegou a sua hora de partir, chegou o momento de crescer e perceber que corações batem em horários diferentes. E mesmo quando nosso coração, cansado de apanhar, insiste em não desistir, nós sofremos em dobro. Todo o esforço é compensado com desculpas, afastamentos e frases rasas. E a consequência disso, você já sabe qual é.
Eu não quis desistir, mas agora já sinto sua dor, sua obrigação de ser verdade. Chegou o momento de enxergar que mereço mais. Merecemos não desistir. Merecemos ter uma escolha.
Um dia chegará a hora de não mais desistir. Já ouvi por aí como é essa sensação, mesmo sem experimentá-la. É por ela que continuo e aceito as desistências obrigatórias que a vida nos dá. Na maioria das vezes não as aceito sorrindo, mas vou entendê-las quando tudo fizer sentido. Preciso confiar nisso.
- Jana Escremin

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